"Se até uma estrela
longínqua está ligada a ti, que devo pensar de uma paisagem vivente, na
qual os veados se esquivam das árvores velhas e os animais mais selvagens lambem seus filhotes suavemente? Que devo
pensar da paisagem humana, na qual convivendo a opulência e a miséria,
algumas crianças riem e outras não encontram forças para expressar seu
pranto?
1. Porque se dizes:
"Chegamos a outros planetas", deves declarar também: "Massacramos e
escravizamos povos inteiros, superlotamos os cárceres com pessoas que
pediam liberdade, mentimos desde o amanhecer até à noite... Falseamos
nosso pensamento, nosso afecto, nossa acção. Atentamos contra a vida a
cada passo, porque criamos sofrimento".
3. Nego todo o direito à
acusação que provenha de um bando em cuja história (recente ou antiga)
figure a supressão da vida.
4. Nego todo o direito à
suspeita que provenha daqueles que ocultam os seus rostos suspeitos.
5. Nego todo o direito a bloquear os novos caminhos que o
ser humano necessita percorrer, mesmo que se coloque como máximo
argumento a urgência actual.
6. Nem mesmo o pior dos
criminosos me é estranho. E se o reconheço na paisagem, reconheço-o em mim. Assim é que
quero superar aquilo que em mim e em todo o homem luta para suprimir a
vida. Quero superar o abismo!
Todo o mundo a que aspiras, toda a justiça que
reivindicas, todo o amor que buscas, todo ser humano que quiseres seguir
ou destruir, também estão em
ti. Tudo o que mudar em ti, mudará a tua orientação na
paisagem em que vives. De maneira que se necessitas de algo novo,
deverás superar o velho que domina em teu interior.
E como farás isso?
Começarás por
perceber que ainda que mudes de lugar, levas contigo a tua paisagem
interna."(Transcrição de "A PAISAGEM HUMANA" - Capítulo IV do livro A Paisagem Interna de SILO)
1 comentário:
… e reflectir nos faz…
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